quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Moradores acusam empresa de estar poluindo o ar em São Francisco

Chuva ácida com o poder de destruir plantações e contaminar as águas, poluição fotoquímica responsável pela degradação da vegetação e efeito estufa. Estes são alguns dos efeitos que poderiam resultar do processo industrial da empresa ArcelorMittal Vega, segundo o engenheiro agrônomo Nelson Luiz Wendel, em parecer emitido ainda em 2003. Neste período, a empresa, então vinculada o grupo francês Usinor, estava em fase de implantação. Mas já preocupava ambientalistas da região. Seis anos passados, moradores do bairro Morro da Cruz, em São Francisco do Sul – onde está instalada a laminadora de aço –, acusam a multinacional de lançar poluentes na atmosfera capazes de danificar a vegetação e causar prejuízos à saúde das pessoas.

“Jabuticaba não dá há mais de três anos”, se queixa o pescador José Antônio de Andrade, vizinho de porta da Arcelor. Além da jabuticaba, outras frutas nasciam no terreno de seu José, e eram comercializadas numa barraquinha montada às margens da rodovia federal que separa o lote dele dos 2,2 milhões de metros quadrados do terreno da empresa. “Era uns sessenta reais a mais que já ajudava em casa”, lembra. O pescador reclama ainda que a fumaça que sai da empresa provoca “ardume” na garganta e dor de cabeça.

Já a auxiliar de serviços gerais Sueli Rosa de Arruda compara o cheiro que afirma vir da Arcelor com ferro queimado. “Quase toda noite tem cheiro. Até minha bronquite voltou”, lamenta. Mas o que mais preocupou Sueli até hoje foi um episódio envolvendo o filho pequeno, em 2007. Ela conta que depois de uma noite de forte cheiro vindo da empresa, o menino, na época com dois anos, acordou com os olhos inchados. “Levei ao posto de saúde e a médica disse não ter certeza do que se tratava.”

Quem atendeu o filho da auxiliar de serviços gerais, no postinho do bairro Miranda, foi a médica Ludimila Barbosa. Depois de dois anos, ela ainda lembra do caso do filho de Sueli, mas diz não ser possível precisar a causa do problema nos olhos da criança. “Só uma avaliação científica poderá indicar o agente causal”, diz a médica. Ludimila diz não ser freqüente o atendimento a pessoas se queixando de problemas causados por poluição.

Para a ArcelorMittal Vega, as acusações de que ela estaria poluindo o ambiente não fazem sentido. Por meio da assessoria de comunicação, a empresa diz que “dispõe apenas de emissões limpas em seu processo produtivo”. A empresa afirma ainda que são empregadas as tecnologias mais avançadas para o tratamento das emissões atmosféricas, “como filtros e sistemas de controle”.

A vice-presidente da Associação Movimento Ecológico Carijós (Ameca), Ana Paula Cortez não demonstra espanto diante da possibilidade de poluentes da laminadora estarem prejudicando o meio ambiente. A Ameca acompanhou o processo de implantação da empresa. “Ela [a empresa] já previa e emissão destes poluentes no próprio Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Mas nunca chegou a precisar a quantidade. Dizia apenas que estariam dentro de normas internacionais”, lembra a ambientalista. Ana Paula acredita que uma eventual poluição pode estar relacionada ao mau funcionamento ou à demora para que seja feita a substituição dos filtros por onde passam os gases.

E gases em concentração excessiva, somada a um grande tempo de exposição, pode resultar em problemas no sistema respiratório humano e no sistema reprodutor dos vegetais. “Conheço pouco o processo da Arcelor, mas até onde sei podem ser gerados gases ácidos e material particulado”, diz a engenheira Sandra Helena Westrupp Medeiros, professora da Universidade da Região de Joinville (Univille). Segundo a Arcelor, não existe a possibilidade de que suas emissões causem prejuízos ao meio ambiente e “muito menos à saúde humana”.

Para descobrir se a poluição apontada pelos moradores do Morro da Cruz realmente tem origem na ArcelorMittal Vega, e se ela seria responsável pela morte de plantas e causadora de danos a saúde, o Ministério Público Federal decidiu investigar a situação. Uma perícia técnica já foi encomendada. Segundo o procurador da República Mário Sérgio Ghannagé Barbosa, “nos relatórios sobre monitoramento do ar encaminhados pela empresa não foi verificada presença de concentração de substâncias tóxicas acima do valor estabelecido pela legislação.” Para confirmar a informação repassada pela Arcelor, Barbosa pediu que a empresa detalhasse os critérios de escolha dos pontos onde foram feitas as análises atmosféricas.

A qualidade do ar na ilha de São Francisco chamou a atenção do estudante Flávio Beilke. Tanto que a preocupação com a possível poluição do ar estimulou o jovem de 21 anos a escolher o assunto como tema da monografia que vai apresentar ao final do curso de biologia marinha. Os pontos de monitoramento da qualidade do ar, feito com a ajuda de liquens – organismos sensíveis à poluição atmosférica –, ficam no terminal portuário, no centro da cidade, e na região onde fica a Arcelor. “Encontrei excesso de ferro e zinco na área do Morro da Cruz. Agora vamos ver quais são os parâmetros, até que ponto os níveis identificados são prejudiciais à saúde”, diz Flávio. Iniciado em dezembro de 2008, o trabalho deverá ser concluído em duas semanas.

Tanto para Flávio quanto para a mãe do garoto que acordou com os olhos inchados em janeiro de 2007, uma mudança no relacionamento da empresa com a comunidade vem chamando a atenção. O espaço colocado à disposição da vizinhança pela Arcelor, para que fossem apanhadas verduras e legumes foi fechado. “Até uns três anos a gente podia pegar. A gente não sabe porque fecharam o portão [do viveiro de mudas mantido pela empresa]”, diz Sueli Rosa de Arruda. Já o futuro biólogo Flávio Beilke precisou mudar o local onde fazia coleta de amostras. “Desde março fecharam os portões sem dizer qualquer coisa.” Questionada sobre o assunto, a empresa diz apenas que “para doações pontuais, solicitamos o envio de uma solicitação por ofício ou por e-mail”. Para dona Sueli, a suspeita é de que a própria laminadora não confie mais na qualidade das plantas produzidas em seu terreno.

O secretário de Meio Ambiente de São Francisco do Sul prefere não opinar sobre as denúncias de poluição. “Toda denúncia que recebemos, primeiro vamos verificar os fatos”, pondera o secretário Evaldo Doin. Segundo ele, até hoje foi feita apenas uma reclamação de que estaria ocorrendo a liberação de substâncias tóxicas na região do Morro da Cruz. Evaldo diz ainda que pediu à Fundação do Meio Ambiente (Fatma) que providencie um laudo técnico que possa oferecer mais informações à secretaria local.

Ironicamente, são justamente laudos emitidos também por uma empresa do governo do estado – a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) – que dois vereadores francisquenses anexaram a uma correspondência enviada ao deputado federal Gervásio Silva (PSDB) em agosto deste ano. Integrante da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da câmara, o deputado recebeu o documento dos vereadores Salvador Luiz Gomes (PSB) e Clóvis Matias de Souza, correligionário de Gervásio Silva. Junto com o ofício, os vereadores enviaram um laudo de análise de solo que “comprova a existência de poluição (...) na região do Morro da Cruz (...). Poluição esta ocasionada pela (...) ArcelorMittal Vega”, afirma o documento.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Adesivo do PQENG (Partido Que Está no Governo)

Uma tosse desgramada me deixou alguns dias off line. “É alérgica”, diz meu pneumologista... Deve ser ao mofo (a alergia), já que não pára de chover... e ficar úmido... e chover. Mas alergia, aquelas de coçar até debaixo da unha, me dá a indefinição política (para não dizer outra coisa). Qual  número que mais se via estampado nos adesivos de carro durante o governo Odilon? Quinze. E em Joinville, no governo Tebaldi? Quarenta e cinco. E agora, por aqui? Onze. E lá em Joinville? Treze. Cacete! Para onde vão esses adesivos assim que Zera e Carlito forem substituídos? A maioria para a lata do lixo. Afinal, menos de um por cento deve se identificar com o programa ou a ideologia que carregam os partidos representados pelos números registrados na justiça eleitoral. Por favor...!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Quinta boa no cais

Quinta-feira de boas novas para São Chico city! Inauguração das obras de ampliação do Terminal Santa Catarina (Tesc), anúncio do aprofundamento do calado do porto público (o que resta dele!) – pelo ministro dos Portos, Pedro Britto – e as tradicionais e eficazes conversas ao pé do ouvido entre autoridades locais e estaduais.

Foto (divulgação): prefeito Luiz Zera e governador LHS, à esquerda da placa, e parte considerável do PIB francisquense à direita (entre eles os empresários Beto Caroço e Renato Lobo).

Ao falar na cerimônia de inauguração das obras iniciadas em 2007, o presidente do Conselho do Tesc, Alberto Raposo de Oliveira, o “Beto Caroço”, destacou que a ampliação vai permitir o aumento na capacidade de operação do terminal, podendo alcançar 300 mil TEU's/ano já em 2010. As obras de ampliação do Tesc saíram pela bagatela de R$ 150 milhões.

O Tesc nasceu em 1996, quando venceu o processo de licitação aberto pelo governo estadual que estava em busca de investimentos para a atividade portuária. Assim, o Terminal Santa Catarina se tornou arrendatário de uma área do porto de São Francisco do Sul.

Ah, sim, o ministro ainda saiu no lucro com o governador Luiz Henrique. Em novembro Pedro Britto será um dos homenageados com a Medalha Anita Garibaldi, entregue a pessoas e instituições que ajudam nosso estado a navegar de vento em popa.

Vice na platéia

O vice-prefeito Dorlei João Antunes até que teria tentado disfarçar. Mas não conseguiu ficar indiferente ao fato de, na ausência do prefeito Luiz Zera, um secretário municipal ter representado a prefeitura na audiência pública sobre a duplicação da BR-280 na terça à noite. Ainda sobre rompimentos e trocas de fechadura, “quem saiu ganhando nesta história toda foi o Saturnino [chaveiro]”, comentou um expectador presente no Cine-teatro X de Novembro.



Imagem: Google