quinta-feira, 19 de maio de 2011

ARTIGO - Ibama e prefeitura erram

Por Fernanda de Aquino (jornalista)




O Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) concedeu recentemente licença para um loteamento no oceano Atlântico, a 591 quilômetros da costa. E mais: a prefeitura de São Francisco do Sul aprovou o empreendimento.


Uma liminar determinou esta semana que o Jardim Residencial Ipê pode ter as obras suspensas, se em 30 dias o erro não for corrigido. Erro? Isto é um absurdo! Tanto o fato em si quanto sua modesta classificação. Significa que o órgão ambiental e a prefeitura não lêem o que assinam. Que não sabem o que fazem. E isso representa muito mais do que um simples ‘erro’.


É em mãos como essas que estão questões das mais importantes na nossa ilha como a duplicação da enrolada BR 280 que, além dos entraves burocráticos, a má-vontade política, depende ainda da licença do senhor Ibama, este louco desvairado.


Nessas mãos está a sobrevivência da Baía da Babitonga, tão desrespeitada em sua natureza por décadas e agora sob a nova ameaça de mais um porto privado que não contribui em nada com o desenvolvimento da região, antes, tira o sustento de centenas de famílias. Bem, para quem dá licença de construir casas no meio do oceano, é perfeitamente compreensível tal conduta.


E quanto ao prefeito Zera e sua equipe, onde estão com a cabeça que não viram isso? Imagine por quantas mãos deve ter passado toda a papelada. E ninguém viu nada?! Impossível! 


Não basta termos um Ministério Público sério e atuante. É preciso que as leis sejam aplicadas com rigor, doa a quem doer, longe de interesses escusos e obscuros.


É preciso que fatos dessa gravidade não fiquem restritos a uma leve notinha num meio de comunicação local, mas sim, sejam devidamente cobrados pela sociedade. Que essa sociedade demonstre toda a sua indignação diante do desrespeito a si e ao meio ambiente. 


Não é somente o mundo que está virado. É a escala de valores também, quando se define coisas inaceitáveis como corrupção, omissão e negligência e outros equívocos como ‘normais’. Não é normal.


Normal é prestarmos atenção a quem entregamos nosso destino, normal é sabermos que órgãos do governo e prefeituras são financiados pelo nosso dinheiro, adquirido através do trabalho honesto. Isso é normal. O resto é castigo.  


(Artigo publicado originalmente em www.correiodolitoral.com.br, em 18/05/2011.)

2 comentários:

  1. Será que assunto de tanta relevância não tem uma análise técnica antes de ser apresentado à sanção das autoridades competentes? Onde está a incompetência? Em que nível? Descobrir e punir é necessário... ou será que se está aplicando a máxima: "Aos amigos os favores da lei, aos inimigos os rigores dessa mesma lei". Houve erro ou interesse? Quem souber que nos informe.

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  2. Anônimo das 9h44, comentários anônimos não são mais publicados. Vá na opção "Nome/URL" e coloque pelo menos seu pré-nome. Outra opção é entrar com sua conta Google.

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